Friday, September 22, 2006

A M I W # 3 - Lisboa

ALL MY INDEPENDENT WOMEN começou por ser uma colecção de arte feminista… uma colecção não adquirida mas que ainda assim me pertencia porque faz parte do meu imaginário artístico. Mulheres e homens que questionam a sua posição no mundo, e no mundo da arte através da especificidade do seu género (“Numa cultura que é de facto construída pela dualidade sexual, não se pode ser simplesmente humano” – Bordo), questionando pois o que é isto de se ser mulher na nossa sociedade, ser feminino ou masculino.

As artistas (uso o feminino contrariamente à convenção do uso do masculino para designar o plural misto ou o geral, pois apesar de se incluírem homens nesta colecção ela trata maioritariamente de mulheres artistas) que escolhi “coleccionar” são-me próximas, já trabalhei de alguma forma com quase todas elas… acompanho o seu percurso de perto, assim posso dizer que o trabalho delas constrói aquilo que é o meu…

Após a mostra na Galeria SMS, do Museu de Arqueologia Sociedade Martins Sarmento em Guimarães, a colecção esteve também na livraria 100ª página em Braga. Um ano volvido e parece-me importante reunir novamente estas mulheres em torno da discussão da vivência do género na nossa sociedade. Alargo o grupo e proponho a apresentação de novos trabalhos. Mantendo como fio condutor o inspirador dicionário da crítica feminista (Ana Gabriela Macedo e Ana Luísa Amaral- Afrontamento) usando entradas como: Aborto, androginia, bixessualidade, ciberfeminismo, contos de fadas, corpo, estereotipo, feminilidade, género, imagem, masculinidade, maternidade, patriarcado e prostituição. Encaminhando assim a discussão feminista nas artes plásticas em Portugal.

Se com a afirmação de Beauvoire “não nascemos mulheres, tornamo-nos mulheres” (Simone de Beauvoir 1949) ganhamos consciência da construção do papel feminino contra a ideia de natural, “o nosso maior desejo pode ser ‘transcender as dualidades da diferença sexual’; não ter o nosso comportamento categorizado em termos de ‘masculino’ ou ‘feminino’. Porém quer nos agrade ou não, na cultura presente as nossas actividades são codificadas como ‘masculinas’ ou ‘femininas’ e funcionarão como tal no sistema prevalecente das relações de poder entre os sexos” (Bordo, 1990). Mantém-se, portanto, actual a necessidade dum movimento feminista cujo “objectivo … não é negar a diferença, mas recuperar o feminino na diferença sexual, gerar um imaginário de mulher autónomo, para lá dos estereótipos existentes da mulher” (Braidotti, 1994)

Com a participação de Alexandra Dias Ferreira, Ana Carvalho, Ana Pérez-Quiroga, André Alves, Ângelo Ferreira de Sousa, Bettina Wind, Carla Cruz, Catarina Carneiro de Sousa, Christina Casnellie, Inês Azevedo, Isabel Carvalho, Miguel Bonneville, Mónica Faria, Nina Höchtl, Paula Tavares, Rogério Nuno Costa, Suzanne van Rossenberg, Unknown Sender, Vera Mota, and ZOiNA.

Carla Cruz Agosto 2006

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